Em “Tecnodiversidade”, o filósofo da tecnologia Yuk HUI (traduzido por Humberto Amaral. São Paulo: Ubu Editora, 2020) propõe uma revisão. Para ele “precisamos rearticular a questão da tecnologia, de modo a vislumbrar a existência de uma bifurcação de futuros tecnológicos sob a concepção de cosmotécnicas diferentes”.

Ele defende esta ideia partindo da premissa de que “a globalização tecnológica como forma de neocolonização impõe sua racionalidade via instrumentalidade, como o que observamos nas políticas transumanistas neorreacionárias”.

Ou seja: precisamos rearticular a forma como compreendemos a tecnologia, porque “não há uma tecnologia única, mas uma multiplicidade de cosmotécnicas”.

Ele aponta para uma crise da modernidade e afirma que “o desconhecimento da tecnologia e a aceleração cega conduzirão apenas ao agravamento dos sintomas enquanto fingem tratá-los”. Para ele, a velocidade é o motor de sincronização do eixo de tempo da globalização. E questiona: “que aceleração é mais rápida do que a de um desvio radical, a de um afastamento do eixo de tempo global, a que liberta nossa imaginação das amarras do futuro tecnológico vislumbrado pelas fantasias transumanistas?”.Se “a comunicação é a condição de realização do todo organicista”, precisamos de uma “virada ontológica”, ancorada – entre outras coisas – em um outro tempo. “Recolocar a questão da tecnologia é recusar esse futuro tecnológico homogêneo que nos é apresentado como única opção”.